Sebo Velho & Música Nova #1

agosto 11, 2018

    

    Semana passada eu estava cortando o cabelo no estabelecimento que me acostumei a cortar desde o final do ano passado, era de noite e eu havia acabado de sair do trabalho, o barbeiro que estava me atendendo tinha aproximadamente a minha idade, nós já nos conhecíamos e aquela noite estávamos falando sobre o momento de se escolher uma faculdade ou uma especialização após se formar, entre outras escolhas que tendem a apontar um determinado caminho futuro para a gente. Durante a conversa ele me disse que achava que nos tempos de hoje era muito difícil ser jovem, “dizem que é fácil hoje em dia, que temos tudo na mão, mas ao mesmo tempo é exigido tantas escolhas e de maneira tão prematura e precisa que eu não saberia o que fazer se fosse um jovem de 16 anos tendo que escolher a faculdade que quero fazer, o emprego que quero ter e o lugar que quero morar ao mesmo tempo.” A conversa terminou descontraída, mas fiquei com aquela indagação na cabeça, e depois de um tempo conclui que é mesmo um momento difícil, ser adolescente nos dias de hoje.
   Garbo (Gabriel Soares) estreia com um álbum que é muito forte e representativo para os tempos de hoje. Em “jovens inseguros vivendo o futuro” temos um jovem cantando sobre o século 21, as letras falam de uma maneira geral sobre sentimentos, romances, “AMOR”, a plasticidade dos ritmos, o vocal que muitas vezes usa e abuso do autotune, a pegada pop, as batidas de sintetizadores e demais bugigangas eletrônicas só contribuem cada vez mais para dar o teor mutante, liquido e inconstante das letras, representando muito bem, os sentimentos, o humor, o amor, as relações, as escolhas e as vibes de hoje em dia, que como um barco em um mar de incertezas trafega de um lado para o outro sob o ritmo das ondas, visando um horizonte tão incerto quanto. As musicas do álbum conseguiram ficar na minha cabeça mesmo escutando apenas uma vez, as letras em um todo são curtas, repetem versos e talvez por isso contribua para que ecoem na sua cabeça após a ultima delas terminar, vale a pena dar uma chance para esse pop criado pelo brasileiro, sobretudo se você curte umas batidas diferentes, um vibe meio sad boy baladeira.
    Em um mundo que se cobra tantas coisas, sucesso, padrões, metas, etc e etc, (sem entrar na discussão se estas coisas são necessárias ou não) quem não vive um pouco no futuro? E como não viver no futuro, já que no mar de inconsistências e incertezas, pensar o futuro pode ser a garantia de sobreviver e não naufragar. Acontece que muitas vezes projetar o futuro pode causar muito sofrimento, tanto quanto viver em um um presente incerto a todo momento, é por isso que posso concluir que pelo visto no século 21, em 2018, no Brasil de hoje em dia, Garbo não é o único jovem inseguro vivendo no futuro.

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